
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos ao Brasil entrou oficialmente em vigor nesta quarta-feira (6), mas o governo brasileiro ainda não apresentou nenhuma reação concreta. A sobretaxa atinge uma ampla gama de produtos, impacta diretamente as exportações nacionais e agrava a já delicada crise diplomática entre os dois países.
A medida foi anunciada pelo presidente americano Donald Trump na semana passada e se justifica, segundo a Casa Branca, por “ameaças à segurança nacional” dos EUA, citando casos de censura, perseguição política e intimidação a opositores no Brasil. Desde então, o governo brasileiro tem evitado confrontar abertamente o tema.
Apesar da gravidade da medida e da pressão de setores econômicos, nenhuma nota oficial foi divulgada nesta quarta-feira pelos ministérios da Fazenda, Relações Exteriores ou Secretaria de Comunicação. O presidente Lula afirmou ontem que “ainda pretende ligar” para Trump, mas condicionou o contato à evolução dos fatos. Enquanto isso, a Casa Branca já endureceu as sanções, incluindo o bloqueio de vistos para ministros do STF e o procurador-geral da República.
“Não vou ligar para negociar tarifa. Vou ligar para convidá-lo para a COP”, declarou Lula, em entrevista coletiva nesta terça-feira.
Setores da indústria, do agronegócio e do comércio exterior criticam a falta de ação e cobram uma resposta imediata. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) pediu ao governo um plano emergencial de contenção de danos, alegando que as empresas brasileiras estão perdendo competitividade e correm risco de perder mercado nos EUA.
A crise, que começou com declarações do governo americano sobre violações de direitos no Brasil, escalou rapidamente para um conflito comercial e diplomático de grandes proporções. Agora, com a tarifa valendo, o cenário é de incerteza e inércia.
A falta de uma estratégia pública de resposta, tanto no campo diplomático quanto no econômico, é vista como preocupante por especialistas em relações internacionais.
Nos bastidores, há movimentação entre assessores dos ministérios, mas até o momento nenhuma medida foi anunciada oficialmente. A expectativa agora recai sobre os próximos dias — ou sobre a pressão que deve partir das empresas mais afetadas.