Cirandas de Manacapuru destacam luta ambiental e força cultural

A cidade de Manacapuru, a 68 quilômetros de Manaus, se prepara para viver a 27ª edição do seu maior espetáculo popular: o Festival de Cirandas. De sexta a domingo (29 a 31/08), o Cirandódromo do Parque do Ingá será palco das apresentações das agremiações Guerreiros Mura, Tradicional e Flor Matizada, que levam para a arena enredos inspirados na preservação ambiental, na ancestralidade e na cultura amazônica.

Considerado o segundo maior festival folclórico do Amazonas, o evento é promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e deve reunir mais de 70 mil pessoas ao longo dos três dias. A disputa será aberta pela Guerreiros Mura, que busca o bicampeonato com o tema “Estiagem e Alagação: O Segredo das Águas”. A Tradicional entra na arena no sábado com “Sapucaîa’y – O Grito que Vem das Águas”, e a Flor Matizada encerra a edição no domingo com o espetáculo “Amazônia: Sonho e Luta Cirandeira”.

A Guerreiros Mura promete unir cosmologia indígena, mitos e ciência em um espetáculo-denúncia sobre os impactos da estiagem e da alagação nos rios amazônicos, mobilizando 54 pares de cirandeiros. Já a Ciranda Tradicional aposta em um espetáculo grandioso, com 240 integrantes em cena e 18 módulos alegóricos, para erguer um brado em defesa da mãe-d’água e contra os efeitos das mudanças climáticas. A Flor Matizada, por sua vez, leva para a arena uma narrativa poética conduzida por um casal de cirandeiros mirins, reforçando a ligação entre a floresta e a tradição popular, com 160 dançarinos e 25 módulos alegóricos.

Mais do que uma competição, o Festival de Cirandas de Manacapuru reafirma sua importância como manifestação artística e cultural da Amazônia, em que música, dança e alegorias transformam a arena em um espaço de resistência, memória e celebração da identidade cabocla.