Caprichoso abre a noite com força ancestral e celebração amazônica
Na segunda noite do 58º Festival de Parintins, o Boi Caprichoso abriu as apresentações com o tema “Kizomba: Retomada pela Tradição”. Com uma leitura potente sobre a cultura negra, os rituais indígenas e os saberes amazônicos, o boi azul e branco mostrou, mais uma vez, a força da representatividade no Bumbódromo. O espetáculo reforçou o compromisso com as raízes ancestrais e a memória dos povos tradicionais da floresta, integrando história, arte e resistência.
O levantador de toadas Patrick Araújo foi um dos destaques da apresentação. Em entrevista, ele ressaltou o empenho da equipe para a busca do tetracampeonato. “Foi mais um grande espetáculo, fruto de muito trabalho. O Caprichoso vem se reinventando a cada noite e mostrando por que merece esse título”, declarou. O público respondeu com entusiasmo, fazendo vibrar a arquibancada azul.
Entre os momentos mais marcantes da apresentação esteve a Figura Típica Regional: os Marandoeiros e Marandoeiras da Amazônia, contadores de histórias da floresta, representando o poder da oralidade na preservação cultural. A Lenda Amazônica trouxe à arena o curandeiro Sacaca Merandolino, o Encantado do Arapiuns, numa criação visual assinada por Alex Salvador. Já o Ritual Indígena “Musudi Munduruku” foi uma poderosa celebração espiritual do povo Munduruku, com alegoria de Kennedy Prata e presença do pajé Erick Beltrão.
Em meio à beleza visual, o espetáculo teve um ponto alto emocional com a toada “Sensibilidade”, interpretada por Patrick Araújo, que uniu arena e arquibancada em coro. A Rainha do Folclore também brilhou ao surgir imersa na alegoria principal. Foi uma noite de pura conexão entre tradição e modernidade, com o boi azul demonstrando domínio técnico e apelo popular.
A emoção tomou conta do Bumbódromo. O professor Luiz Oliveira, de Maués, que representou a galera como item 19, descreveu o momento como único. “O boi estava gigante, brilhante, lindo, impactante. Vamos ser tetracampeões, tenho certeza”, afirmou, visivelmente comovido. O Caprichoso encerrou sua segunda apresentação em alta, deixando no ar a expectativa para o desfecho da disputa.
Garantido encerra a noite com celebração das raízes e identidade popular
Encerrando a segunda noite do Festival de Parintins 2025, o Boi Garantido levou à arena o tema “Garantido, Patrimônio do Povo”, do projeto “Boi do Povo, Boi do Povão”. A apresentação foi marcada por um mergulho nas expressões populares brasileiras, com matrizes indígenas, afro-brasileiras e caboclas tecendo a narrativa do espetáculo encarnado. O boi vermelho e branco encantou pela emoção, potência visual e presença marcante da sua galera.
A entrada triunfal do boi foi acompanhada por um ritual de energia vibrante, puxado pela torcida apaixonada. O destaque da noite foi o Ritual Indígena “Ajié”, conduzido com intensidade por Adriano Paquetá, que interpretou o Pajé no item 12. A encenação teve forte simbolismo de união e resistência, representando a conexão espiritual dos povos originários com a natureza e a ancestralidade.
Segundo Paquetá, a apresentação foi pensada para surpreender e emocionar. “Estamos vindo com um grande projeto, tanto alegórico quanto coreográfico. A proposta é deixar uma marca neste festival”, declarou o artista. A entrega cênica e o impacto visual fizeram do ritual um dos pontos altos da noite, amplamente aplaudido pelo público no Bumbódromo.
Do lado da torcida, o sentimento também foi de orgulho e tradição. O torcedor André Ricardo, que participa da festa há duas décadas, destacou a força do vínculo com o boi encarnado.
“Ser Garantido é isso: estar com o povo, viver o boi na arena e na arquibancada. É muito mais do que torcer, é viver uma paixão que passa de geração para geração”, comentou.
Com a força da sua história e do sentimento popular, o Boi Garantido encerrou a segunda noite sob aplausos. A apresentação reafirmou o papel do festival como espaço de resistência cultural e identidade brasileira. A terceira e última noite de espetáculos acontece neste domingo (29/06), com os bois se enfrentando ponto a ponto na arena do Bumbódromo.
