Brasil pode usar minerais estratégicos para negociar fim do tarifaço com os EUA

O Brasil pode transformar seus recursos minerais mais estratégicos em moeda de troca para aliviar o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Nesta segunda-feira (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que minerais críticos e terras raras, como o lítio e o nióbio, estão no centro das tratativas econômicas com o governo norte-americano. A sinalização indica um possível acordo bilateral focado na cadeia global de tecnologia, baterias elétricas e inteligência artificial.

Foto: Lula Marques

“Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, afirmou Haddad em entrevista à BandNews. O Brasil é um dos poucos países com reservas expressivas desses insumos estratégicos, considerados essenciais para a transição energética e a indústria de alta tecnologia.

A negociação surge como uma possível via de escape diante das tarifas de 50% que começam a valer nesta quarta-feira (6), atingindo setores-chave da exportação brasileira. Um plano de contingência já foi desenhado pelo governo, segundo Haddad e o vice-presidente Geraldo Alckmin, com medidas emergenciais que incluem crédito especial e estímulo às compras governamentais para mitigar prejuízos.

Além dos minerais, outros produtos podem ser incluídos na lista de exceções dos EUA até o prazo final. O setor cafeeiro, por exemplo, vê com otimismo a possibilidade de ser poupado. Após reunião com Alckmin, o Conselho dos Exportadores de Café estimou em 50% as chances de exclusão da tarifa.

Embora Haddad reforce que o Brasil não aceitará os termos atuais, ele deixou claro que as portas continuam abertas. “Não vamos sair da mesa de negociação até que possamos vislumbrar um acordo. Nesses termos, o Brasil, evidentemente, não vai aceitar”, declarou o ministro, indicando que o jogo diplomático ainda não terminou.

A eventual inclusão dos minerais críticos nas negociações marca uma inflexão geopolítica importante: o Brasil se posiciona não apenas como exportador de commodities, mas como ator-chave na cadeia global de valor tecnológica. Se bem articulado, o movimento pode fortalecer a posição brasileira em futuras tratativas comerciais — e proteger setores ameaçados no presente.