Brasil envia resposta aos EUA e defende Pix em disputa comercial

Foto Marcello Casal Jr.

O governo brasileiro enviará nesta segunda-feira (18) um relatório oficial aos Estados Unidos em resposta à investigação aberta por Washington contra práticas financeiras e comerciais do país. O processo, conduzido pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) com base na chamada Seção 301 da Lei de Comércio, inclui desde críticas ao sistema de pagamentos instantâneos Pix até alegações sobre irregularidades em comércio popular, como o da Rua 25 de Março, em São Paulo.

A apuração ocorre em meio ao endurecimento da postura do presidente Donald Trump, que no mês passado anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Caso os EUA concluam que o Brasil adota práticas anticompetitivas, novas barreiras comerciais poderão ser impostas, em um processo que deve se estender por pelo menos um ano.

No documento, o governo Lula promete demonstrar avanços no combate ao desmatamento, além de anunciar a redução do prazo de registro de patentes de medicamentos de sete para dois anos até 2026, uma das críticas centrais de Washington. Em relação ao Pix, técnicos brasileiros argumentam que o sistema ampliou a inclusão financeira sem causar prejuízos a empresas americanas de cartão de crédito, sendo considerado peça estratégica para a modernização da economia.

A resposta abre caminho para uma audiência pública entre negociadores brasileiros e americanos prevista para o início de dezembro. Enquanto isso, o Planalto já anunciou medidas emergenciais para mitigar os impactos do “tarifaço”, incluindo linhas de crédito subsidiado e apoio a setores exportadores. Para analistas, o desfecho da disputa testará a capacidade do Brasil de manter sua agenda de digitalização e sustentabilidade sem ceder a pressões externas em um momento de forte tensão nas relações bilaterais.

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