Brasil confirma 1 morte por metanol e investiga 48 casos; mercado ilegal fatura R$ 62 bi

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O Brasil enfrenta uma escalada no mercado ilegal de bebidas alcoólicas, impulsionada pela ação de fábricas clandestinas que crescem em ritmo alarmante. Entre 2020 e 2024, a quantidade de estabelecimentos interditados saltou de 12 para 80, segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). Em média, uma unidade irregular é fechada a cada cinco dias, o que reflete a dimensão do problema.

A crise ganhou ainda mais destaque após a confirmação de 59 casos de intoxicação por metanol, com oito mortes registradas em São Paulo e Pernambuco. O episódio levou a Câmara dos Deputados a acelerar a tramitação de um projeto de lei que classifica a adulteração de bebidas como crime hediondo. A proposta prevê pena de seis a 12 anos de prisão, endurecendo a legislação atual.

De acordo com o anuário da ABCF, apenas nos oito primeiros meses de 2024, 185 mil garrafas adulteradas foram retiradas de circulação. Estima-se que 36% dos destilados vendidos no país sejam falsificados, sobretudo uísque, gim e vinho. Esse mercado clandestino movimenta cerca de R$ 62 bilhões por ano e está cada vez mais controlado por organizações criminosas.

A Polícia Federal e secretarias estaduais intensificaram operações para desmontar esquemas de produção ilegal. Somente na última semana, fábricas foram interditadas em Jundiaí, Americana e Barueri, no interior paulista, resultando na apreensão de mais de 145 mil garrafas sem documentação válida. Prisões também ocorreram em cidades do interior, onde produtos adulterados seriam revendidos em bares e eventos.

As investigações revelam que criminosos utilizam garrafas originais reaproveitadas, rótulos falsificados e insumos de procedência duvidosa, muitas vezes com substâncias tóxicas. Para especialistas, a ausência de rastreamento eficiente e a facilidade de acesso a matérias-primas favorecem a expansão do crime organizado nesse mercado.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta que a falsificação de bebidas não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de segurança nacional. Além das intoxicações, o setor financia atividades ligadas ao tráfico de drogas e armas, além de gerar perdas bilionárias em arrecadação tributária.

Diante da gravidade, autoridades cobram medidas mais rígidas de fiscalização e a retomada de sistemas de controle suspensos há quase uma década. Enquanto isso, consumidores seguem expostos ao risco de adquirir bebidas adulteradas, muitas vezes indistinguíveis das originais.