
A bola ainda nem rolou, mas o clima de Copa já tomou forma em Washington. No Kennedy Center, a FIFA sorteou os 12 grupos do Mundial de 2026, distribuindo expectativas, frio na espinha e — no caso brasileiro — um sopro de otimismo. A Seleção caiu no Grupo C, com Marrocos, Haiti e Escócia. Na teoria, caminho bem pavimentado. Na prática, sabemos: Copa do Mundo adora desafiar o óbvio.
O sorteio colocou Brasil como cabeça de chave, seguindo o protocolo que favorece grandes forças do ranking. Nada de duelo prematuro com gigantes. Mas convém lembrar que Marrocos bateu Espanha e Portugal em 2022 — não é mais a zebra exótica com tambores nas arquibancadas.
A Escócia pode ser chata, de jogo físico e alma britânica. O Haiti, embora tecnicamente inferior, joga leve, com ousadia de quem não tem nada a perder. Favoritismo é um presente embrulhado com fita de alerta.
México abre a Copa no Azteca contra a África do Sul, dia 11 de junho, inaugurando um Mundial que será o maior da história — 48 seleções, três países-sede e um calendário que será destrinchado neste sábado. O Brasil estreia diante dos marroquinos, jogo ideal para medir temperatura emocional. Esse é o momento em que o torcedor brasileiro, exigente por natureza, sonha com brilho, mas teme tropeço no primeiro passo. O Mundial perdoa erros, não soberba.
A configuração dos potes manteve a lógica: cabeças de chave separados, limite de europeus por grupo e proteção para que gigantes só se encostem mais adiante — sem final antecipada. Até aqui, 42 seleções já carimbaram o passaporte; as últimas seis virão das repescagens, em março. Enquanto a FIFA organiza as peças, nós observamos o tabuleiro com um misto de cautela e fervor. Copa é terreno onde o futebol vira literatura — e o Brasil, protagonista eterno, entra em mais um capítulo dessa história.








