
O Brasil assumiu, nesta quinta-feira (3), a presidência rotativa do Mercosul com uma proposta de ampliar a integração regional e posicionar o bloco sul-americano como protagonista nas agendas econômica, ambiental e social. Durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Buenos Aires, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou as cinco prioridades de sua gestão: comércio, transição energética, desenvolvimento tecnológico, combate ao crime organizado e redução das desigualdades.
Uma das metas centrais é concluir o acordo comercial com a União Europeia, em negociação há mais de duas décadas, e ampliar parcerias com países como Canadá, Emirados Árabes e mercados da Ásia. Ao mesmo tempo, o Brasil propõe relançar o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), para financiar obras de infraestrutura e integrar cadeias produtivas. A modernização do sistema de pagamentos em moedas locais também está entre os objetivos, visando facilitar transações digitais e reduzir a dependência do dólar.
A agenda climática terá papel de destaque, com a proposta do programa “Mercosul Verde” e o compromisso de impulsionar práticas agrícolas sustentáveis, rastreabilidade de produtos e cooperação energética. Lula defendeu que o bloco aproveite suas reservas minerais estratégicas, como lítio e cobre, para agregar valor localmente e gerar empregos. A presidência brasileira busca ainda consolidar políticas conjuntas para combater o aquecimento global, em preparação à COP30, que será realizada em Belém (PA).
No campo da segurança, o Brasil quer coordenar ações regionais contra o crime organizado, apoiando a proposta argentina de criar uma agência de combate a atividades criminosas transnacionais. A iniciativa reforça o papel de estruturas como o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, com sede em Manaus, voltadas à repressão de crimes ambientais, tráfico e lavagem de dinheiro.
O fortalecimento da soberania digital e do acesso tecnológico também foi destacado. Lula sugeriu que o Mercosul atue no desenvolvimento de inteligência artificial com identidade latino-americana e na criação de centros de dados regionais. A intenção é transformar o bloco em polo tecnológico e farmacêutico, com investimentos em vacinas, medicamentos e infraestrutura de dados.
Além das pautas econômicas e ambientais, a presidência brasileira promete reativar a Cúpula Social do Mercosul e ampliar o papel de institutos voltados aos direitos humanos e à participação cidadã. “Sem inclusão e justiça social, não há progresso duradouro”, afirmou Lula, sinalizando que a força do bloco depende do diálogo, da democracia e da pluralidade.