
A segunda noite de desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca foi marcada por enredos de forte valorização da ancestralidade afro-brasileira. Três das quatro escolas que passaram pela Marquês de Sapucaí na madrugada desta terça-feira (4) exploraram o tema, enquanto a Vila Isabel optou por uma abordagem lúdica e irreverente.
A Unidos da Tijuca abriu a noite com um desfile vibrante sobre Logun-Edé, orixá da dualidade e do equilíbrio, filho de Oxum e Oxóssi. A escola trouxe referências às religiões de matriz africana em alegorias e fantasias, destacando a importância da preservação cultural. O abre-alas, com grávidas representando a gestação sagrada da divindade, foi um dos destaques visuais.
A Beija-Flor de Nilópolis emocionou o público com uma homenagem a Laíla, diretor de carnaval que marcou sua história. A escola recriou momentos icônicos, como a polêmica alegoria “Cristo Proibido”, e exaltou Xangô, orixá da justiça. O desfile também foi especial por marcar a despedida do intérprete Neguinho da Beija-Flor, após 50 anos de avenida.
O Salgueiro seguiu a linha espiritual com “Salgueiro de Corpo Fechado”, abordando a proteção contra energias negativas. A escola levou à Sapucaí referências a rituais de defumação e à influência dos povos mandingas de Mali, que trouxeram para o Brasil práticas de resistência e proteção espiritual. O samba envolvente e as coreografias impactantes garantiram forte interação com o público.
Fechando a noite, a Vila Isabel apostou no enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”. A escola transformou personagens do folclore e do terror em diversão, trazendo bruxas, fantasmas, vampiros e lobisomens em um desfile leve e irreverente. O ator José Loreto, interpretando o diabo na comissão de frente, deu o tom lúdico da apresentação.