Amazônia sob risco: Congresso alerta para ponto de não retorno

O futuro da Amazônia frente à mudança climática foi o tema central do terceiro painel do IX Congresso Internacional de Controle e Políticas Públicas (CICPP), realizado nesta quinta-feira (29), em Manaus. O evento, promovido pelo Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) em parceria com o Instituto Rui Barbosa (IRB), reuniu cientistas, juristas e gestores públicos para debater os riscos ambientais e propor soluções integradas para a preservação da floresta e o desenvolvimento sustentável.

Com o tema “Mudança Climática”, o painel destacou o papel estratégico da região amazônica e as consequências das transformações ambientais aceleradas. O cientista Carlos Nobre, referência global nos estudos sobre clima, fez um alerta contundente: a Amazônia está próxima do chamado “ponto de não retorno” — estágio em que a degradação da floresta pode se tornar irreversível, provocando perda de biodiversidade, colapso do regime de chuvas e ampliação das emissões de carbono.

Sob mediação do conselheiro Reginaldo Parnow Ennes, os debates também abordaram a importância de integrar ciência, controle público e ação política. Nobre elencou quatro frentes urgentes: zerar o desmatamento e o fogo, restaurar florestas em larga escala, promover a sociobioeconomia e valorizar os saberes dos povos tradicionais.

“É preciso transformar o discurso climático em ações reais e mensuráveis”, afirmou.

A pauta também incluiu o impacto das mudanças climáticas na saúde pública, com o consultor jurídico do Conasems, Tadahiro Tsubouchi, reforçando a necessidade de corresponsabilidade entre Estado e sociedade. Já a secretária de Gestão de São Paulo, Marcela Arruda, compartilhou experiências de como políticas de compras sustentáveis têm gerado impacto positivo, com apoio técnico dos Tribunais de Contas na aprovação de editais que priorizam fornecedores com menor pegada ambiental.

Encerrando o painel, o procurador do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM), Ruy Marcelo, defendeu uma mobilização urgente diante da crise climática. Ele alertou para os efeitos diretos sobre populações ribeirinhas e indígenas e propôs um pacote de medidas que inclua recomendações técnicas, sistemas de medição de risco e campanhas públicas.

“Não temos mais tempo. Ou agimos agora, ou perderemos a chance de construir uma bioeconomia real na Amazônia”, concluiu.

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