Alta do cacau encarece chocolates e afeta vendas na Páscoa

Setor de chocolates prevê retração de cerca de 20% na quantidade total de ovos de Páscoa produzidos neste ano. Foto - Marcelo Camargo:Agência Brasil

O preço do cacau disparou globalmente, acumulando alta de 180% nos últimos dois anos, o que reflete diretamente no custo dos produtos derivados, incluindo os tradicionais ovos de Páscoa. O impacto é resultado da quebra de safra nos principais produtores africanos, como Costa do Marfim e Gana, causada por ondas de calor e estiagem prolongada.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que as condições climáticas adversas comprometem a oferta da matéria-prima e aumentam a instabilidade do mercado. No Brasil, o setor cacaueiro mostra sinais de recuperação, com expectativa de aumento na produção após sucessivas quedas. O país ocupa a sexta posição entre os maiores produtores, com Bahia e Pará concentrando mais de 90% da produção nacional.

A escalada dos custos já afeta o setor de chocolates. A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) estima uma retração de 20% na produção de ovos de Páscoa este ano. Apesar disso, a contratação de trabalhadores temporários cresceu 26% em relação a 2024, refletindo a tentativa da indústria de se adaptar ao cenário desafiador.

A alta nos insumos também impacta pequenos produtores, que buscam estratégias para manter a rentabilidade. A chef Dayane Cristin, de Osasco (SP), precisou elevar o preço de suas trufas e intensificar a pesquisa por fornecedores para minimizar custos. A estratégia inclui compra em grandes quantidades e diversificação do portfólio, apostando em formatos mais acessíveis para os consumidores.

O setor também investe em inovação e tecnologia para reduzir custos e aumentar a eficiência da produção. A CNA destaca que melhorias na fermentação e armazenagem do cacau têm impulsionado a qualidade do produto e seu valor de mercado. No âmbito internacional, o Brasil estreita laços com países produtores africanos para fomentar parcerias tecnológicas que possam equilibrar o setor.

Mesmo com os desafios, a expectativa é que as vendas de chocolate se mantenham, impulsionadas por alternativas mais acessíveis e pelo apelo tradicional da Páscoa, período crucial para o mercado doceiro brasileiro.