
Acadêmicos do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga (Cestb/UEA) promoveram, durante o mês de abril, uma série de atividades educativas nas escolas municipais e estaduais de Tabatinga com o objetivo de ampliar o conhecimento e a valorização das culturas indígenas. A ação, intitulada “Abril Indígena: além do cocar e do dia 19 de abril”, integrou estudantes do 9º período da disciplina Sociedades Indígenas e Educação, orientados pelo professor Me. Ismael da Silva Negreiros. A proposta buscou desconstruir visões estereotipadas sobre os povos originários e inserir pedagogias comprometidas com a diversidade cultural no cotidiano escolar.
As atividades aconteceram em quatro instituições de ensino: as escolas municipais Ambrósio Bemerguy, Francisco Mendes e Josiedes Andrade, além da Escola Estadual Duque de Caxias. As intervenções abrangeram turmas da Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II, e Educação de Jovens e Adultos (EJA), promovendo discussões críticas e interativas sobre história, cultura, espiritualidade, política e modos de vida dos povos indígenas. Foram utilizados recursos como filmes, documentários, redação de narrativas, produção de materiais didáticos, confecção de artesanatos em argila, além de rodas de conversa com a presença ativa de estudantes indígenas.
A participação de acadêmicos indígenas das etnias Tikuna, Kokama e Kambeba foi um dos pontos altos do projeto, garantindo protagonismo aos próprios representantes dos povos originários. Lideranças locais, artistas e influenciadores indígenas também contribuíram para os diálogos, levando ao ambiente escolar experiências vivas e atuais das comunidades da região. “Os alunos puderam ouvir diretamente dos representantes indígenas, o que gerou um impacto profundo e uma troca muito rica”, destacou o acadêmico Leonardo Rabelo, do povo Kokama.
De acordo com o professor Ismael Negreiros, antes de atuarem nas escolas, os alunos realizaram estudos aprofundados sobre autores indígenas e epistemologias tradicionais, conectando esses saberes à realidade do Alto Solimões e da Amazônia como um todo. “Nossa proposta é formar educadores comprometidos com uma educação descolonizadora, que valorize as diferentes formas de conhecimento e respeite a pluralidade cultural dos territórios onde atuam”, afirmou. Ele também ressaltou que a excelente recepção da comunidade escolar reforça a relevância de inserir essas temáticas na formação docente.
A iniciativa será expandida para outras disciplinas do curso, consolidando uma proposta formativa que alia teoria e prática em contextos reais.
“É essencial que futuros professores vivenciem a escola e compreendam os sujeitos da educação em sua complexidade. Trabalhar a temática indígena de forma crítica e contínua fortalece a identidade amazônica e promove uma educação mais justa, equitativa e plural”, concluiu o professor.