A Amazônia tem algo a dizer – e este é o momento de escutar

Por Yara Amazônia Lins, Presidente do Tribunal de Contas do Amazonas

A realização do IX Congresso Internacional de Controle e Políticas Públicas, em Manaus, não é apenas um feito institucional. É um gesto simbólico. É um chamado. É o som que emana da floresta pedindo passagem para o futuro — um futuro que deve ser construído com responsabilidade, cooperação, inovação e, sobretudo, escuta ativa.
Durante muito tempo, a Amazônia foi percebida a partir de fora: como mapa de oportunidades ou de conflitos, como espaço de cobiça ou de abandono. Mas a Amazônia não é um vazio a ser preenchido. É um território vivo, pulsante, onde as políticas públicas precisam fazer sentido para as pessoas que aqui vivem e para o planeta que aqui respira. Por isso, este congresso é mais do que um encontro técnico — ele é uma ponte entre saberes, entre regiões, entre desafios e soluções.

Nesta terça-feira, damos as boas-vindas a autoridades do Brasil e do mundo, representantes de Tribunais de Contas, ministros, cientistas, pesquisadores, acadêmicos e gestores públicos. Recebê-los em Manaus, no coração da floresta, é também reafirmar o papel estratégico da região amazônica no debate sobre governança, descentralização e sustentabilidade em tempos de emergência climática.

Reunião inaugural do Comitê Técnico de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Instituto Rui Barbosa (IRB) reuniu representantes de pelo menos 20 Tribunais de Contas

Com o tema “Desenvolvimento e Controle: Políticas Públicas Descentralizadas e a COP 30”, este congresso ecoa a voz de um território que não quer mais ser apêndice das decisões, mas protagonista de seu próprio destino. E esse protagonismo só se sustenta com controle efetivo, com políticas construídas de forma participativa, com inovação comprometida com resultados e com transparência que se traduz em cidadania.

A Amazônia não pode mais esperar. O mundo também não.

A responsabilidade das instituições de controle é, sim, zelar pela boa aplicação dos recursos públicos, mas também orientar, educar, colaborar e antecipar soluções. O TCE-AM tem buscado fazer isso com firmeza e criatividade, promovendo auditorias preventivas, investindo em capacitação, incentivando o uso inteligente da tecnologia e fortalecendo o diálogo com a sociedade.
Mais de 60 trabalhos científicos serão apresentados neste congresso. Serão discutidos temas como bioeconomia, mudanças climáticas, riscos fiscais, educação, inovação, ecofeminismo, descarbonização do setor público e os caminhos da agenda ambiental até a COP 30. São assuntos que dialogam diretamente com o futuro que queremos construir — e com o presente que não pode ser negligenciado.

Queremos que cada painel, cada palestra, cada conversa informal nos corredores sirva como semente de transformação. Que esta seja uma edição histórica do Congresso Internacional de Controle e Políticas Públicas, não apenas pela excelência de sua programação, mas pelo seu compromisso com o bem comum — em seu sentido literal, amplo e universal.
O controle externo precisa ir além dos números. Precisa ser também sensibilidade, escuta e serviço. Precisa ser ponte entre a técnica e a esperança.

Sejam bem-vindas e bem-vindos a Manaus. A Amazônia está pronta para receber, propor e inspirar. E todos estão convidados a atravessar conosco essa ponte.

Yara Amazônia Lins
Conselheira Presidente do Tribunal de Contas do Amazonas

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