Mercado reduz inflação para 4,46% e reforça alívio no cenário econômico

A nova projeção do mercado financeiro para a inflação de 2025 trouxe um sinal de respiro para a política monetária brasileira. Após o IPCA registrar em outubro o menor resultado para o mês em quase três décadas, a expectativa caiu de 4,55% para 4,46%, segundo o boletim Focus desta segunda-feira (17). O índice agora se aproxima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional, em um ambiente ainda marcado pela pressão de custos e pela incerteza global.

A desaceleração veio puxada pela forte queda na conta de luz, que levou o IPCA de outubro a apenas 0,09%, após marcar 0,48% no mês anterior. Ainda que a inflação acumulada em 12 meses esteja em 4,68% — pouco acima do limite da meta — o movimento indica uma trajetória de acomodação nos preços, o que tende a reduzir a temperatura da economia. Para os próximos anos, o Focus projeta inflação de 4,2% em 2026; 3,8% em 2027; e 3,5% em 2028.

Apesar do alívio recente, o Banco Central mantém postura firme. Com a Selic estacionada em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva, o Copom reforçou que não descarta novos aumentos caso identifique riscos adicionais. A autoridade monetária avalia que o cenário externo, especialmente a política econômica dos Estados Unidos, segue incerto e pode impor volatilidade às condições financeiras. A expectativa do mercado é que a Selic encerre 2025 nos atuais 15%, começando a recuar apenas em 2026.

No lado real da economia, o boletim Focus manteve estável a projeção de crescimento do PIB em 2,16% para este ano. A atividade vem sendo sustentada pelo desempenho dos setores de serviços e indústria, que garantiram avanço de 0,4% no segundo trimestre de 2025. Para os próximos anos, o mercado projeta ritmo mais moderado, com expansão de 1,78% em 2026 e cerca de 2% entre 2027 e 2028.

O câmbio também segue pressionado. A estimativa para o dólar ao fim de 2025 permanece em R$ 5,40, subindo para R$ 5,50 no fim de 2026. Mesmo com a inflação em desaceleração, o conjunto de expectativas revela um quadro de atenção: juros ainda elevados, crescimento contido e ambiente internacional instável. Para o governo e o Banco Central, o desafio continua sendo equilibrar inflação, atividade econômica e estabilidade financeira sem perder o rumo da política monetária.