Durante a abertura da COP 30, realizada em Belém (PA), os valores cobrados nas lanchonetes dentro da “blue zone” — área oficial de negociações e imprensa — têm sido alvo de fortes críticas. Itens básicos como água mineral de 350 mL são vendidos por cerca de R$ 25, suco natural por R$ 30, sanduíche natural por R$ 35 e uma coxinha de frango por R$ 45. (CNN Brasil) Em um vídeo divulgado nas redes sociais, um jornalista relatou gastar R$ 99 em dois salgados e um refrigerante, lamentando os “preços exorbitantes”. (URB News)
A cobrança de valores tão elevados provoca paradoxos no evento, que tem em seu cerne as discussões sobre equidade, sustentabilidade e justiça social. Em um espaço que visa promover diálogos internacionais sobre o clima e reduzir desigualdades, ver lanches simples sendo comercializados a preços de luxo gera desconforto entre credenciados e delegados. (portaldoholanda.com.br) Além disso, a entrada de alimentos externos está proibida, conforme regulamento da COP 30 — o que elimina qualquer alternativa de fugir dos estabelecimentos credenciados. (varelanet.com.br)
Os organizadores e os fornecedores presentes na “blue zone” justificam parte desses valores afirmando que estão em consonância com contratos internacionais, margens de custos elevados por logística especial e exigências da padronização para eventos globais. (URB News) No entanto, sob a ótica de analistas e participantes, o problema não está apenas no custo logístico — mas no impacto simbólico que tais preços têm em um evento cuja temática central é a justiça climática e social.
Para o público que cobre e participa da COP 30, os valores elevados da alimentação não são apenas uma questão de custo individual, mas refletem um recado mais amplo: se até mesmo uma água ou uma coxinha se tornam inacessíveis no palco das negociações, o que diz isso sobre o compromisso real com inclusão e equidade no debate climático? Esse é um dos questionamentos emergentes entre jornalistas e representantes que acompanham o encontro em Belém.
