
Filmes abordam temas ligados à conferência, como envelhecimento, preservação ambiental, povos originários e mudanças climáticasDurante a COP30, algumas produções cinematográficas brasileiras ganham destaque ao promover debates sobre temas urgentes para o planeta. Entre os dias 8 e 21 de novembro, Belém recebe a Mostra de Cinema Pachamama, uma das ações culturais da conferência, dentro da programação do Espaço Chico Mendes & Fundação Banco do Brasil. A mostra exibe os filmes “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, e “Thiago & Ísis e os Biomas do Brasil”, de João Amorim. Paralelamente, a 10ª Mostra de Cinema da Amazônia, em parceria com o Observatório do Clima, apresenta o longa “A Queda do Céu”, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha. Já o documentário “Rua do Pescador nº 6”, de Bárbara Paz, terá exibição especial seguida de debate com realizadores e autoridades.
A sessão de abertura da Mostra Pachamama acontece no dia 8 de novembro, às 17h30, com a exibição de “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, no Espaço Chico Mendes & Fundação BB. O filme transporta o público para uma Amazônia distópica e sensorial, fugindo de exotismos e propondo uma reflexão poética sobre o futuro da floresta e da humanidade. No dia 11 de novembro, será exibido “Thiago & Ísis e os Biomas do Brasil”, de João Amorim — filme infantil que estimula a educação ambiental de forma lúdica e interativa. A obra acompanha Thiago, Ísis e sua família em uma jornada pelos biomas brasileiros, revelando a força da natureza e a importância da preservação.
Belém recebe em 13 de novembro uma sessão especial de “A Queda do Céu” no Instituto Ciência de Arte, edifício histórico na Praça da República, com a presença de Davi Kopenawa e do diretor Eryk Rocha, que em seguida participam de debate com a artista e pesquisadora Ehuana Yanomami, da antropóloga e indigenista Ana Maria Machado e mediação da antropóloga e a jornalista Helena Palmquist (OPI – Observatório dos Povos Indígenas Isolados). A pré-estreia do documentário de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha em Belém é uma realização da 10ª Mostra de Cinema da Amazônia em parceria com o Observatório do Clima.
Vencedor de 25 prêmios nacionais e internacionais, o documentário acompanha o xamã Davi Kopenawa e a comunidade de Watorikɨ durante o ritual sagrado Reahu, e faz uma contundente crítica xamânica ao “povo da mercadoria” e ao impacto da destruição ambiental sobre os povos indígenas. Baseado na obra homônima de Kopenawa e Bruce Albert, o longa foi o documentário brasileiro mais premiado do último ano e estreia comercialmente nos cinemas em 20 de novembro.
Os diretores comentam a chegada do filme no Brasil, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. “É emocionante ver o filme chegar aos cinemas no Brasil depois da belíssima trajetória realizada no mundo. A imagem da Queda do Céu trazida pelos Yanomami e por Davi Kopenawa é uma síntese precisa das questões mais urgentes do nosso tempo e do nosso país. O Brasil não se sustenta sem a escuta profunda dos povos indígenas, e o filme é um convite para essa escuta”, disse Eryk Rocha.
Para Gabriela Carneiro da Cunha, “é uma alegria chegar ao Brasil com ‘A Queda do Céu’ e poder trazer para os próprios brasileiros as palavras desse imenso pensador Yanomami. Muitos aqui ainda não conhecem a força do pensamento de Davi Kopenawa. O filme é um convite para ver, ouvir e sonhar com os Yanomami um outro projeto de Brasil”.
No dia 14 de novembro, às 17h15, a programação traz para o HUB Amazônia – Green Zone – C021 – Parque da Cidade uma sessão especial do premiado documentário “Rua do Pescador nº 6”, dirigido por Bárbara Paz, que retrata as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024. O filme acompanha moradores de uma comunidade ribeirinha em Porto Alegre, mostrando os esforços para reconstruir a vida após a tragédia que atingiu cerca de 95% do território gaúcho e deixou mais de 600 mil pessoas desabrigadas.
Após a exibição, haverá um debate com a presença da diretora e de lideranças socioambientais, ampliando o diálogo sobre os impactos das mudanças climáticas. Exibido anteriormente no Festival É Tudo Verdade, o longa conquistou prêmios em Gramado, no Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito (Cinesul) e no Los Angeles Brazilian Film Festival. “Estou honrada com o convite e a possibilidade de mostrar ao mundo o que aconteceu com o nosso Rio Grande do Sul, uma terra devastada. Será o único filme que falará não apenas da Amazônia em si, mas da crise climática que está afetando a todos”, afirma a diretora.









