Quase 100 mortos identificados em megaoperação no Rio; grande maioria tinha ficha criminal

Cortejo Fúnebre de vítima da Mega Operação Policial. Foto Joédson Alves

A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro divulgou, nesta sexta-feira, a lista de 99 suspeitos já identificados entre os 117 mortos na megaoperação policial realizada nos Complexos da Penha e do Alemão. Segundo o balanço, 78 tinham histórico de crimes graves, incluindo homicídios, tráfico de drogas e participação em organizações criminosas. Outros 42 estavam foragidos da Justiça. A força-tarefa, considerada a mais letal da história do estado, envolveu 2.500 agentes civis e militares.

Entre os mortos, 39 eram de outros estados, o que reforça o caráter nacional da operação. As origens variam entre Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraíba. Entre os chefes da facção identificados estão nomes como Chico Rato e Gringo, de Manaus; DG e Mazola, da Bahia; Fernando Henrique dos Santos e Rodinha, de Goiás; além de PP, do Pará, e Russo, do Espírito Santo. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, os Complexos da Penha e do Alemão haviam se transformado no “quartel-general” do Comando Vermelho, onde criminosos de outros estados recebiam treinamento antes de retornar às suas bases de origem.

O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como um dos líderes nacionais do CV, conseguiu escapar do cerco policial. Considerado o maior traficante em liberdade, ele ocupa posição logo abaixo de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar na hierarquia da facção. O Disque Denúncia oferece recompensa de até R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.

O governador Cláudio Castro afirmou que o combate ao crime organizado seguirá com “técnica e respeito à lei”. A ação resultou ainda na apreensão de 91 fuzis, 26 pistolas, uma tonelada de drogas e na prisão de 113 suspeitos — entre eles, 33 oriundos de outros estados. O impacto da operação reacendeu o debate sobre a presença interestadual de facções e os limites da política de segurança no país.