
O conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas completa dois anos nesta terça-feira (7/10) sem sinais de cessar-fogo e com um cenário de devastação humanitária em Gaza. Desde o ataque do Hamas em 2023, que matou cerca de 1,2 mil pessoas em território israelense, a resposta militar de Israel deixou um rastro de destruição sem precedentes. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 60 mil palestinos morreram, a maioria mulheres e crianças.
Estudos independentes apontam que o número real de vítimas pode ser ainda maior. A revista The Lancet estimou que, até junho de 2024, os mortos já ultrapassavam 64 mil, considerando corpos não identificados ou soterrados. A discrepância entre as fontes reflete a dificuldade de registrar vítimas em meio ao colapso do sistema de saúde e à destruição das principais estruturas hospitalares da região.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 90% da população de Gaza foi obrigada a deixar suas casas pelo menos uma vez desde o início da guerra. Milhares vivem em abrigos improvisados e dependem de ajuda humanitária. A destruição física também é massiva: imagens de satélite mostram que mais de 80% dos edifícios foram danificados ou completamente destruídos, incluindo escolas, universidades e hospitais.
O sistema de saúde opera de forma precária, com hospitais sem energia elétrica, medicamentos e profissionais. A falta de saneamento e de água potável agrava a disseminação de doenças infecciosas e aumenta o número de mortes indiretas. Agências humanitárias alertam que o bloqueio às fronteiras e as restrições de entrada de suprimentos colocam em risco a sobrevivência de milhares de civis.
Em Israel, os impactos também persistem. Além das mortes no ataque inicial, o país ainda contabiliza soldados mortos em combates e civis afetados por mísseis lançados de Gaza. A questão dos reféns permanece sem solução: mais de 100 pessoas seguem desaparecidas desde 2023. Internamente, o governo israelense enfrenta pressões políticas e protestos de famílias que cobram o fim da guerra e a libertação dos reféns.
No campo diplomático, as tentativas de mediação conduzidas por Egito, Catar e Estados Unidos não avançaram em um acordo definitivo. Israel insiste na eliminação total do Hamas, enquanto o grupo palestino exige o fim do bloqueio e o reconhecimento político da Faixa de Gaza. A falta de consenso mantém o impasse e prolonga o sofrimento de milhões de civis.
Especialistas apontam que a reconstrução da Faixa de Gaza levará décadas e exigirá bilhões de dólares em investimentos internacionais. Além das perdas materiais, a guerra deixou traumas psicológicos profundos em toda a população, especialmente entre crianças e adolescentes. Organizações internacionais denunciam possíveis violações de direitos humanos e pedem investigações independentes sobre os ataques.
Dois anos após o início dos combates, o conflito entre Israel e Hamas permanece como um dos mais graves do século. A escalada de violência, o bloqueio e a crise humanitária consolidaram Gaza como uma das áreas mais devastadas do planeta. Sem um acordo político e com a deterioração contínua das condições de vida, a paz ainda parece distante — e o sofrimento civil, inevitável.