Hamas propõe novo acordo e culpa Israel por impasse na guerra

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Em um raro gesto público de concessão, o líder do Hamas em Gaza e principal negociador nas conversações indiretas com Israel, Khalil al-Hayya, afirmou nesta quinta-feira (6) que o grupo está disposto a entregar o controle da Faixa de Gaza a um organismo palestino consensual, desde que Tel Aviv ponha fim imediato à ofensiva militar em curso. A declaração foi feita durante celebrações do Eid al-Adha, uma das datas mais importantes do calendário islâmico.

Al-Hayya responsabilizou diretamente o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por travar as negociações de cessar-fogo, acusando-o de agir “por motivos pessoais e ideológicos”. Segundo ele, o Hamas já aceitou uma proposta de trégua apresentada pelos Estados Unidos há duas semanas, mas o governo israelense teria recusado os termos, fazendo com que Washington recuasse.

O dirigente islâmico também voltou a defender uma nova rodada de negociações “sérias” com objetivo de chegar a um acordo de cessar-fogo permanente, o que indicaria um possível reposicionamento estratégico do Hamas diante da escalada da guerra e do crescente isolamento internacional.

Outro ponto criticado por Al-Hayya foi o atual controle israelense sobre a ajuda humanitária que entra em Gaza. Ele denunciou o uso da Fundação Humanitária para Gaza (GHF), entidade encarregada da distribuição de suprimentos básicos, como uma estrutura “incompatível com os princípios internacionais”, ecoando críticas já feitas por organismos humanitários e pela própria ONU.

A declaração do Hamas representa uma abertura inédita desde o início do conflito em outubro de 2023 e pode reacender esforços diplomáticos para um cessar-fogo duradouro. No entanto, a posição de Israel e a instabilidade no front sul continuam sendo barreiras centrais para qualquer avanço concreto no curto prazo.