STF investiga núcleo do golpe com série de depoimentos

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta segunda-feira (19) a fase de oitivas no processo que apura a tentativa de golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados. Até o dia 2 de junho, serão ouvidas 82 testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos acusados. Os depoimentos, conduzidos por videoconferência, ocorrem simultaneamente para evitar combinação de versões.

Entre os depoentes estão figuras de peso do cenário político e militar, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o senador Hamilton Mourão, o ex-ministro Paulo Guedes e o general Freire Gomes, que, segundo investigações, chegou a ameaçar prender Bolsonaro após ele sugerir o apoio das Forças Armadas a um golpe. Os depoimentos são conduzidos por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

O grupo de réus é apontado como o “núcleo crucial” da tentativa de ruptura institucional. Eles respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada e dano qualificado. A denúncia contra os oito foi aceita por unanimidade em março pela Primeira Turma do STF. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

Entre os destaques da agenda de depoimentos estão ainda os ex-ministros Anderson Torres, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira, além de parlamentares e integrantes da cúpula militar da gestão Bolsonaro. O STF também ouvirá empresários e servidores acusados de envolvimento em operações para contestar o sistema eleitoral, como tentativas de obstruir o voto no Nordeste durante o segundo turno de 2022.

A data para os interrogatórios dos próprios réus ainda será definida. O julgamento final deve ocorrer ainda em 2025, com grande expectativa sobre o desfecho de um dos processos mais relevantes da história recente do país, que poderá definir não apenas o futuro político de Bolsonaro, mas também os limites da atuação institucional em defesa da democracia.