Selic atinge 14,75% e volta ao maior nível desde 2006

Foto: Rafa Neddermeyrer

O Banco Central elevou novamente a taxa básica de juros da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (7/5) aumentar a Selic em 0,5 ponto percentual, fixando-a em 14,75% ao ano. Essa é a sexta alta consecutiva, colocando a taxa no mesmo patamar de agosto de 2006, reflexo direto do cenário de inflação persistente e incertezas econômicas globais.

A decisão, já esperada pelo mercado, reforça o ciclo de aperto monetário iniciado em setembro do ano passado. Desde então, a Selic foi elevada gradualmente, com aumentos entre 0,25 e 1 ponto percentual. Em comunicado, o Copom indicou que o ambiente de incerteza exige cautela e que os próximos passos dependerão da evolução dos dados econômicos e da trajetória da inflação.

O IPCA-15 de abril, considerado uma prévia da inflação, registrou alta de 0,43%, acumulando 5,49% em 12 meses — acima do teto da meta contínua de 4,5%. A projeção oficial do BC para o IPCA de 2025 foi revisada para 4,8%, enquanto o boletim Focus, que compila estimativas de instituições financeiras, aponta inflação de 5,53% até o fim do ano. A combinação de preços elevados, sobretudo em alimentos e energia, com a volatilidade cambial, tem pressionado as expectativas.

Além de conter a inflação, juros mais altos impactam negativamente o crédito e o consumo. O próprio BC reduziu sua projeção de crescimento do PIB para 2025 de 2,2% para 1,9%, sinalizando que a prioridade segue sendo o controle inflacionário. Com a Selic nesse patamar, o custo do financiamento aumenta para famílias e empresas, desacelerando a economia no curto prazo.