
O jornalista Luiz Antonio Mello, conhecido como LAM, morreu nesta terça-feira (30/4), aos 70 anos, em Niterói (RJ), vítima de uma parada cardíaca durante um exame de ressonância. Internado no Hospital Icaraí, ele se recuperava de uma pancreatite. Apaixonado por Niterói, pelo rock e pelo jornalismo, LAM iniciou sua trajetória profissional em 1971 e construiu uma carreira que atravessou rádios, jornais, televisão e gravadoras, sempre com olhar inovador e espírito inquieto.
Figura central na criação da lendária Rádio Fluminense FM – a “Maldita” –, em 1981, LAM revolucionou o rádio brasileiro ao apostar na cena do rock nacional dos anos 1980 e romper com padrões conservadores. Ao lado de Sérgio Vasconcellos e Amaury Santos, foi responsável por dar voz a bandas que mais tarde se tornariam clássicos, com uma proposta ousada que incluía vozes femininas e programação autoral. A estreia em 1º de março de 1982 marcou a história da comunicação brasileira.
Além do rádio, LAM teve uma trajetória marcante na televisão, com passagem pela Rede Manchete, e na indústria fonográfica, como consultor da Polygram e da Warner Music. Trabalhou diretamente em campanhas de artistas internacionais e produziu discos de nomes como Celso Blues Boy. No serviço público, presidiu a Funiarte e dedicou-se a projetos de valorização cultural.
Foi também articulista em veículos como O Pasquim, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e editor do jornal A TRIBUNA, onde atuava desde 2021. Em 2005, integrou a equipe fundadora da BandNews FM no Rio e mantinha a Rádio LAM, projeto online que reunia milhares de ouvintes. Como escritor, publicou livros como “A Onda Maldita”, “Torpedos de Itaipu” e “Manual de sobrevivência na selva do jornalismo”, além de romances e crônicas sobre Niterói e o jornalismo cultural.
A trajetória de LAM foi eternizada no filme Aumenta que é Rock’n Roll, de Tomás Portella, que retrata a criação da primeira rádio de rock do país. Entre tantas homenagens, o cantor Lobão resumiu o impacto da perda: “Com ele encerra-se uma era de ouro do rock. Vai com Deus, meu irmão querido”. Luiz Antonio Mello deixa um legado inestimável à cultura brasileira e à liberdade de expressão artística.