Filme Ainda Estou Aqui: O Filme brasileiro que está mudando o Mundo

Filme “Ainda Estou Aqui”. Foto: Alile Dara

O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, chega ao Oscar 2025 com grande impacto nacional e internacional, consolidando-se como um dos destaques da premiação. Mesmo sem garantir estatuetas, a produção já é considerada uma vitória para o Brasil por especialistas, que ressaltam sua relevância ao tratar do período da ditadura militar (1964-1985). A obra resgata a memória política do país e reforça a importância da democracia em um contexto global de ascensão do autoritarismo.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, lançado em 2015, o longa levou mais de cinco milhões de espectadores aos cinemas e recebeu 38 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o Globo de Ouro e o Goya. No Oscar, concorre em três categorias: Melhor Filme, Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme Internacional. Se vencer, será a primeira estatueta oficial do Brasil – diferente de Orfeu Negro (1960), que, apesar de filmado no país, representou a França.

Para especialistas, a grande repercussão da obra está no seu impacto social e na forma como resgata a história.

“O filme se tornou um evento, despertando interesse pelo cinema nacional e pela memória do país”, avalia Arthur Autran, professor da UFSCar. Já a pesquisadora Dirce Waltrick, da UFSC, destaca o alcance global da produção. “É um marco para a arte brasileira. Nossa voz está sendo ouvida além das fronteiras, e isso já é uma grande vitória.”

O filme também impulsionou debates jurídicos e políticos. Após seu lançamento, o Supremo Tribunal Federal (STF) anunciou que retomará o julgamento sobre a aplicação da Lei da Anistia a crimes cometidos na ditadura, um processo que estava parado há anos. Para o historiador Marco Pestana, da UFF, a decisão reflete o impacto da obra.

“O longa faz um resgate necessário e dialoga diretamente com o presente, contestando visões distorcidas sobre o regime militar.”

Além do impacto histórico, Ainda Estou Aqui também se destaca pela força de sua narrativa e pelo desempenho do elenco. A atuação de Fernanda Torres tem sido amplamente elogiada pela crítica internacional, consolidando sua indicação ao Oscar. Especialistas apontam que o reconhecimento do filme pode abrir portas para outras produções brasileiras no cenário global, fortalecendo a presença do país na indústria cinematográfica.

Mesmo antes da cerimônia do Oscar, Ainda Estou Aqui já deixou sua marca na história do cinema e da sociedade brasileira. Para especialistas, seu maior feito é dar visibilidade a uma narrativa essencial sobre direitos humanos e memória política, garantindo que episódios como a morte de Rubens Paiva não sejam esquecidos.