
Na noite de sábado (26/07), o Sambódromo de Manaus se transformou num palco de uma das mais aguardadas apresentações do calendário cultural amazonense: a segunda e última noite dos bois-bumbás da categoria Ouro do 67º Festival Folclórico do Amazonas, realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Tradição, emoção e um verdadeiro show de cores, ritmos e histórias marcaram a disputa entre os bois Garanhão, Corre-Campo e Brilhante.
Representando o bairro Educandos, na zona sul, o boi-bumbá Garanhão trouxe à arena o enredo “Legados: o futuro é ancestral”, exaltando as heranças culturais indígenas, afro-brasileiras, nordestinas e o próprio legado construído pelo boi ao longo de sua trajetória. Em seu primeiro ano como presidente, João Paulo não escondeu a emoção e a ansiedade antes da apresentação.
“As expectativas estão a mil. Meu primeiro ano no Boi Garanhão, minha estreia como presidente. São oito meses de trabalho, esforço, choros e alegrias. E hoje vamos colocar em cena tudo o que sonhamos”, declarou.
A Rainha do Folclore do Garanhão, Kaynara Mota, também fez sua estreia no item com entusiasmo. “O coração está a mil. Eu estou muito feliz porque eu sou estreante no item, né? A primeira vez é a realização de um sonho. E o Festival do Amazonas, ele está ficando cada vez maior. Hoje, ele é um evento bem grande. Esse ano os bois vieram super bem estruturados, os itens bem preparados”, destacou.
Sem esconder a emoção, o apresentador Arlindo Neto expressou a expectativa e a responsabilidade de conduzir o Boi Garanhão durante a apresentação no Festival Folclórico do Amazonas. Filho de um dos fundadores do boi-bumbá, ele ressaltou o peso simbólico da noite, marcada por homenagens e pela força da tradição.
“É muita ansiedade, mas com a certeza de que o trabalho vai se concretizar de forma muito positiva. Tenho certeza de que o Garanhão apresentou um belíssimo espetáculo. É uma responsabilidade muito grande, ainda mais com esse tema maravilhoso, ‘Legados’. O Garanhão é um legado — meu pai foi um dos fundadores, foi apresentador também — e hoje, estar aqui ocupando esse lugar é uma honra gigantesca.”
Corre-Campo
Do outro lado da arena, o boi-bumbá Corre-Campo entrou com a força de quem carrega uma hegemonia. Trazendo o tema “Amazonidade”, o boi da Cidade Nova, na zona norte, reforçou sua identidade amazônica com uma apresentação forte e bem estruturada.
Para o presidente Leon Medeiros, o favoritismo não é à toa: “O Corre-Campo vem muito preparado, com um time forte. Já são sete títulos consecutivos, e estamos prontos para buscar o oitavo”, afirmou confiante.
Estreando como amo do boi, Gabriel Tavares substituiu um dos nomes mais vitoriosos da história, o Prince, e sentiu o peso e a honra da responsabilidade.
“É uma emoção muito grande, porque o tamanho do Corre-Campo é gigante, né? Então, é uma oportunidade grandiosa, ainda mais em substituir um dos maiores vencedores do Norte, que é o Prince. É uma oportunidade e um cargo muito importante”.
Representando a força e a beleza do Boi Garanhão na arena, a rainha do folclore, Jennifer Santos, falou sobre a emoção de participar mais uma vez do Festival Folclórico do Amazonas. Com brilho nos olhos, ela destacou a dedicação da equipe e a intensidade da disputa entre os bois.
“É sempre como se fosse a primeira vez. O nervosismo toma conta, a alegria também. A gente dedica bastante tempo, sabe, para entregar um bom trabalho. E este ano realmente está sendo muito especial. E, se Deus quiser, vamos ser outra vez campeões”, disse.
Brilhante
O boi-bumbá Brilhante, do bairro Compensa, zona oeste, emocionou o público ao entrar com o tema “Terra-Folclore”, enaltecendo a ligação entre o sagrado, a cultura popular e a resistência.
À frente do processo de reconstrução do Boi Brilhante, a presidente Djanne Senna destacou o empenho coletivo da equipe e o significado especial da apresentação deste ano. Para ela, o espetáculo representa mais do que uma performance: é a celebração de uma trajetória de superação e amor à cultura popular.
“O Brilhante vem de uma jornada de recuperação. Então, o resultado para gente, desse espetáculo, é muito satisfatório. A gente vem trabalhando desde setembro do ano passado. E o que vocês assistiram foi fruto de muito amor e muita dedicação”, afirmou.
O apresentador Ornello Reis, que voltou ao festival após vencer uma batalha contra o câncer, compartilhou um depoimento emocionante. Segundo ele, o brilhante vem crescendo há dois anos. “É o primeiro festival que eu faço depois de uma batalha contra um câncer. Então tem um gosto especial, tem um sabor especial de poder voltar a fazer o que eu tanto gosto. Estou revivendo o frio na barriga, o nervosismo bom”, revelou.
Cada boi apresentou uma proposta cênica distinta, mas todas carregadas de identidade cultural, pertencimento e arte popular. O Garanhão exaltou os legados ancestrais, o Corre-Campo reafirmou a essência amazônica, e o Brilhante lançou luz sobre a terra como símbolo de folclore e resistência popular.
APURAÇÃO
A expectativa gira em torno da apuração para a escolha do boi campeão, que acontecerá nesta segunda-feira (28/07), às 15h, no Centro Cultural Povos da Amazônia, no auditório Gabriel Gentil, localizado na avenida Silves, 2.222, Distrito Industrial I, zona sul.